A transfobia

A identidade de gênero retrata um fenômeno diferente do sexo biológico. Uma pessoa pode nascer do sexo feminino, masculino ou intersexo, e em um momento da sua vida, essa pessoa pode se identificar como, mulher, como homem, com os dois, ou não se sinta confortável em nenhum desses rótulos. O que acaba gerando uma enorme exclusão por parte da sociedade por essas pessoas, de vez em quando, não corresponderem ao padrão estereotipado do sexo feminino ou masculino. Nada determina o gênero de uma pessoa.
Pessoas transexuais e transgênero são aquelas que não se identificam com seu sexo e gênero de nascença. Ser um homem ou mulher trans é o contrário de ser um homem ou mulher cis (pessoas que se identificam com o sexo biológico e gênero em que nasceram).
Geralmente aprendemos desde pequenos que só existe apenas homem e mulher e seus papéis na sociedade. Por conta desse ensinamento, muitas pessoas acabam crescendo e ainda continuam com esse pensamento e acabam tendo atitudes preconceituosas contra pessoas trans. A transfobia, muitas vezes tratada despercebida ou como uma coisa normal, ou até mesmo como piada, ela é qualquer tipo de discriminação, preconceito ou aversão com pessoas trans, essas atitudes podem variar de agressões morais ou psicológicas à agressões físicas.

A transfobia no Brasil

O Brasil é o país que mais matam pessoas trans no mundo. Desde 2008, ano em que aconteceu 58 assassinatos, nosso país lidera esse ranking, de acordo com a Transgender Europe.
O Dia Nacional da Visibilidade Trans surgiu há 16 anos como forma de luta contra o ódio e preconceito de gênero. No dia 29 de janeiro de 2004, foi a primeira vez na história do Brasil, pessoas trans estiveram no Congresso Nacional para tratar com os parlamentares sobre a realidade dessa comunidade que era vista apenas como prostituição e pessoas anormais. Geralmente por conta da expulsão de casas e escolas, por consequência, as pessoas trans são excluídas também do mercado trabalho, o que torna a prostituição a única alternativa para que essas pessoas possam sobreviver, o que leva muitas consequências na saúde física e mental delas.
“Em janeiro deste ano, mês da Visibilidade Trans, a Associação Nacional de Travestis e Transexuais – ANTRA lançou o Dossiê dos Assassinatos e da Violência Contra Pessoas Trans Brasileiras. Nesta 3ª edição, referente ao ano de 2019, e o Brasil continua sendo o país que mais mata travestis e transexuais no mundo. O país passou do 55º lugar de 2018 para o 68º em 2019 no ranking de países seguros para a população LGBT.” [1]
Os direitos trans no Brasil: segundo a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5°, “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes.” Todos têm os mesmos direitos, não deveria existir tanta diferença como existe.
É importante entender que a transfobia é uma realidade em nosso país. Embora tenham conquistado seus direitos, as pessoas trans ainda enfrentam lutas, opressões e discriminações todos os dias, e ainda estão à margem da sociedade. O acesso ao mercado de trabalho e a serviços de saúde são direitos com uma garantia mínima. De acordo com a Organização União Nacional LGBT, as pessoas trans no Brasil apresenta uma expectativa de vida de 35 anos, menos da metade da de pessoas cis que é aproximadamente 75 anos. “Qual pessoa trans se sente segura no Brasil? Saímos de casa e não sabemos se iremos voltar” “Ser trans em um país que mais mata pessoas trans é viver com medo de ir até na esquina.”
Recentemente, o Supremo Tribunal Federal (STF), órgão máximo do poder judiciário no Brasil, decidiu classificar a transfobia como crime de racismo. Após a tomada dessa decisão, a transfobia e a homofobia passaram a fazer parte do rol de discriminações penalizadas pela lei 7.716/1989.

Feito por: Beatriz Souza Berro.

Representatividade trans

A comunidade trans em questão de representação é considera uma minoria, isso significa que esse grupo não esteja representado no espaço público, como na política, na televisão, em novelas, filmes, no jornalismo, nos cargos de maior poder e prestígio social. A representatividade é importante não apenas na organização do grupo na busca de que seus interesses sejam representados e garantidos, mas é ainda por cima parte da formação do que é a pessoa que faz parte desse grupo, construindo subjetividade e identidade para ele. Como por exemplo, uma pessoa trans alcança o cargo mais alto do governo de um país, se permite criar a subjetividade na identidade trans de que outras pessoas trans também podem chegar lá.
No Brasil, a representatividade na mídia está a caminho de melhorar, mas é ainda muito mal divulgada, e a comunidade trans realmente precisa dessa representatividade aqui, pois somos o país que mais mata pessoas trans, e frequentemente acabam não sendo representado da forma que deveria. Muitas das vezes distorcem o papel das pessoas trans, as fazendo humilhadas e estereotipadas pelo próprio complexo midiático, contribuindo ainda mais com a sociedade transfóbica que vivemos.
Representações que mostram uma imagem correta das pessoas trans, como elas são, como foi o processo de autoconhecimento, auto-aceitação, como as famílias lidam, tudo que elas passaram, etc. sem ser humilhadas e estereotipadas, realmente contando história e representando como é difícil a luta da igualdade e como já foi antigamente, o que mudou de antes para o agora, um reconhecimento e visibilidade que são valiosas para o grupo, e a mídia mostrando tudo isso é essencial porque muitas pessoas estão conectadas a ela e talvez até consiga fazer as pessoas mais fechadas aprender, ampliar a visão de mundo que elas tem e reconhecer a luta do outro.

Artistas

Laerte (cartunista)

Linn da Quebrada (atriz)

Lea T (modelo)

Erica Malunguinho (política)

Mel Gonçalves (artista musical)

Laverne Cox (atriz)

Nicole Maines (atriz)

Hunter Schafer (atriz)

Ian Alexander (ator)

Elliot Fletcher (ator)

Jogos

Tell me why

Celeste

The last of us part. 2

Night in the Woods

The Red Strings Club

VA-11 Hall-A: Cyberpunk Bartender Action

Séries

Glee

Euphoria

Orange Is The New Black

American Horror Story

Pose

Shameless

Crônicas de San Francisco

Sense8

Transparent

Filmes

Tomboy

Laerte-se (documentário)

Tudo sobre Minha Mãe

MInha vida em cor de rosa

Albert Nobbs

Venus Boyz

A Garota Dinamarquesa

Uma Mulher Fantástica

Livros

Contos Transantropológicos de Atena Beauvoir

Viagem solitária de João W. Nery

George de Alex Gino

Água doce de Akwaeke Emezi

Singular de Thati Machado

Apenas uma garota de Meredith Russo

Combata a transfobia!

Adquira conhecimentoSe informar sobre o assunto é necessário. Dessa forma você é capaz de reconhecer e entender a causa e não reproduzir ações transfóbicas.

Alguns exemplos de frases transfóbicas que às vezes passam despercebidas (ou não):

"Você tem peito, então você é mulher."
Corpo não define gênero. Mesmo que a pessoa se identificando como masculino ou não binária, não significa que ela é obrigada a fazer uma cirurgia de mastectomia. Se a pessoa está satisfeita com o próprio corpo, não é da conta de ninguém isso, ao menos não da própria pessoa.

"Uau, ele me enganaria."
A intenção de qualquer pessoa trans não é enganar alguém, não estão se passando por outra pessoas ou vestindo uma fantasia.

"Morte ao pênis."
Essa frase é muito normalizada ainda mesmo sendo totalmente transfóbica. Muitas mulheres trans morrem todos dias apenas por terem um pênis.

Tenha posicionamento Se você presenciar alguma situação transfóbica que seja ouvir uma piada, faça algo, repreenda a pessoa. Ficar calado em situações com essa é inadmissível, o preconceito, seja ele qualquer, sempre deve ser debatido e contestado.

Sempre bom lembrar: não é necessário ser trans para lutar pela causa!

Não desrespeite ninguém. Não faça perguntas que deixe uma pessoa trans desconfortável referentes ao seu sexo, à cirurgia, ao seu deadname (nome de nascimento ou outro nome anterior de da pessoa), etc. Você está diante de uma pessoa normal e o espaço dela tem que ser respeitado.
Uma conquista das pessoas trans é a garantia de seus nomes sociais. Devemos respeitá-las e nos referir a cada uma conforme o nome e o pronome que ela preferir.